9 Feb 2010

Mar Largo

 Casal McCann, Igreja da Luz, Algarve - dia 12 de Maio 2007, 
9 dias depois do desaparecimento da filha Madeleine

Um dia, este processo que afecta Gonçalo Amaral e estranhamente o levou à barra dos Tribunais, mas que a todos atinge, será matéria de estudo nas Faculdades de Direito.

Com efeito, este caso será analisado como exemplo de como a verdade pode ser distorcida e de como é possível executar tantas diligências processuais que meramente dão vida a uma mentira insustentável, ampliando prazos e tentando afastar os investigadores, manobrando, manipulando e dando até a entender que o poder judicial perdeu a independência e se subjugou às conveniências de um casal com ligações à política.

Um dia, será impossível continuar a sustentar a mentira elaborada com a perfídia de quem é perverso, frio, calculista e manipulador. Um dia saber-se-á que houve ocultação de muitos factos importantes, que existiu conluio e quais os contornos de um crime hediondo.

Um dia, conhecer-se-ão todos os detalhes da ficção que tinha como objectivo principal, não o aparecimento do corpo da menina (esse, os responsáveis pelo seu desaparecimento sabiam bem que nunca o corpo apareceria, nem renascido das cinzas…), mas sim a eternização de um negócio baseado na falsidade de uma novela de mau íntimo e triste fim.

Um dia, os que cá estiverem, perguntar-se-ão como foi possível enganar tanta gente durante tanto tempo e extorquir fundos com a intenção malévola de calar a verdade.

Um dia, todos conhecerão a história completa, em vários actos, do desaparecimento de uma menina inglesa, em Maio de 2007, na Praia da Luz. Uma história triste e que se lamenta e que certamente causou dor em todos… até naqueles pais que negligenciaram nos necessários cuidados na guarda dos filhos.

Um dia, todos se questionarão sobre como foi possível que os Tribunais se ocupassem não dos criminosos responsáveis pela sua morte, mas sim do polícia que diligentemente investigou e se acercou competentemente da verdade incómoda para as conveniências de uma qualquer ambição desmedida, tortuosa e macabra.

Um dia, este rio que corre aos trambolhões, num leito acidentado e cheio de obstáculos ainda vai desaguar num delta de espantos e de consciências tranquilizadas.

Um dia, este rio vai dar a um mar largo – o oceano da verdade.

Luís Arriaga

Lá estaremos, como habitualmente, no Palácio da Justiça, para assistir às alegações finais, na próxima 4ª feira, dia 10 de Fevereiro, pelas 9h.

1 comment:

  1. Anonymous12:28 pm

    Excelente! E óbvio - cada dia me pergunto como é possível chegar-se a este ponto...
    Espero que alguém tenha a coragem de os confrontar frente às comeras, com as perguntas que têm de ser feitas...
    Onde é que estão as provas de 'rapato'?
    Porque insistem no seu dogma, sem permitir o seu questionamento? etc...

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